quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Gritar não resolve.

Tem dias que parecem programados pra dar errado. Ao abrir os olhos, você checa no relógio o que já sabe: acordou tarde de novo. Levanta no susto e já tropeça no chinelo, bate a cabeça no espelho da pia do banheiro e queima a língua com o café. Os cabides caem do guarda-roupa quando você começa a se vestir, a maquiagem sai errada e você tem que lavar o rosto mais de três vezes. E quando a maquiagem dá errado, é melhor sair todo mundo de baixo. Você fica com tanta raiva que é capaz de quebrar o lápis de olho ao meio. Mas só há uma coisa a fazer nessas horas: gritar. Sua boca já murmura por isso desde que você queimou a língua com o café. Senta-se na cama, grita o mais alto que conseguir e chora. Começa a lembrar de todas as coisas ruins da sua vida, daquele idiota que te fez sofrer, daquela amiga que mudou de cidade, de como o dia todo vai ser uma merda completa. Você sai de casa se sentindo um lixo. Não dá bom dia ao porteiro e fecha a cara ao mundo inteiro. E se alguém vier conversar amigavelmente com você, a única coisa que você vai fazer é gritar de novo. E é aí que seu dia se concretiza como aquele em que você nem deveria ter acordado. A partir do momento que incluímos em nossa raiva quem nada tem a ver com nosso motivo de estar com raiva, perdemos toda a razão. Já imaginou se essa pessoa acordou da mesma forma que você? Se acaso teve os mesmos contratempos ao acordar e, ao te ver, resolveu que, ao conversar contigo, conseguiria parar de sentir vontade de explodir o mundo? Ao gritar com ela, você não só reacende essa vontade dela: além de magoá-la, você convoca mais um membro para a armada dos raivosos do dia supostamente programado para dar errado. E assim temos duas pessoas raivosas num dia que tinha tudo pra ser ótimo. Tudo por causa da raiva matinal, com os motivos mais banais possíveis. Só que, como ainda estamos sonolentos, qualquer lombada vira o Everest. Acordou tarde? Durma cedo da próxima vez. Tropeçou no chinelo? Coloque-o longe de você quando for dormir. Queimou a língua com café? Espere esfriar. Se você não tiver paciência consigo mesma, quem é que vai ter?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Momentaneo.

Sabe de uma coisa, nunca percebi isso antes, mas a felicidade está tipo assim, bem na sua frente, está entendendo? É como se nós... Como se você fosse tudo o que eu preciso para ser feliz, e você está bem aqui, na minha casa. Quer dizer, eu sei que você vai ter que trabalhar muito e tudo isso, mas é tão bom. Na verdade é muito mais fácil alcançar a felicidade do que adotar a felicidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Nada de restos ou pedacinhos

Me poupe do trabalho de adivinhar seus pensamentos. Diga que me quer apenas quando for verdade. Eu não vou te pedir nada. Não vou te cobrar aquilo que você não pode me dar. Mas, quando estiver comigo, seja TODO você. Corpo e alma. Por favor, não me apareça pela metade.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Borboleta interior


Minhas certezas vagam no meu passado, e o meu presente não passa de meia dúzias de mentiras e um cara que você provavelmente se apaxonaria. Eu queria ser diferente, mas quando vejo todos os outros penso que nunca conseguiria ser tão igual. Guardo um segredo que talvez você precise saber nesse exato momento: Dentro de mim existe um mundo imaginário repleto de borboletas que queimam.

Elas nascem no meu estômago, e em algum momento migram para o meu coração – quando eu percebo sempre é tarde demais. Nessa exato momento elas estão se movimentando, talvez querendo dizer alguma coisa. Nunca as entendi de verdade. As mais velhas morrem quando outras menores nascem no estômago, e é nesse ciclo vicioso que resumo minha vida sentimental dos últimos seis anos. Porque borboletas? Elas vivem tão pouco.

Não é justo o símbolo do amor ser o coração, quando o meu dói eu mal consigo parar de chorar.

No breve momento em que elas vivem no estômago é quando eu finalmente consigo descobrir o significado da palavra felicidade. Porque não assim? Eu estômago você, eu ainda estômago você.

Aproveite enquanto você ainda perde a fome por amor, corações são famintos e se alimentam de almas.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Felicidade mútua.


Primeiro tudo muda de cor e o mundo sorri pra você. As estrelas transportam-se para o seu olhar e o brilho da lua é pequeno demais para dar de presente. A sensação de paz interior é plena e a vontade de nuncamaislargar intensa. Aconteceu, aceite, contemple: você está apaixonado. E você não está sozinho: ele também está apaixonado por você. Esse é o ponto: é recíproco. Que digam que é brega, careta, clichê: vocês estão felizes. Não se deve explicar nem medir essa felicidade, porque a não limitação do amor é a mais autêntica forma de amar. Então o que fazer? E o medo de não conseguir fazer durar? E a saudade que mata? E o aperto no coração nos beijos de “até mais tarde”? Amar é sofrer. E com certeza alguém te avisou isso. Só estou reforçando. Por causa desse medo de tudo dar errado, acabamos fazendo, realmente, tudo errado. Ao invés de nos preocuparmos se as coisas estão bem, ficamos loucos em pensar num modo que elas possivelmente poderiam ir mal. Estar apaixonado é ruim nesse ponto. Não estar é pior. O que se deve fazer nessas situações é controlar o termômetro, mantendo-o numa temperatura muito agradável para ambos. A cumplicidade é ponto de equilíbrio de qualquer relação. Explore as emoções e sinta, num simples abraço, a inexplicável sensação de proteção e carinho. Sinta-se à vontade um com o outro. Caminhem compassados, lado a lado, olhando na mesma direção. E você, linda flor, não corra, nem ande muito devagar: caminhe no passo do seu coração.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O plural singular!


Sempre me senti um pouco diferente, não que isso seja estranho, com o tempo percebi que isso é absolutamente normal na minha idade. É estranho saber disso. Porque eu não posso simplesmente não me importar? Eu deveria estar pensando na prova de amanhã ou em qualquer coisa que me faça sentir mais bonita. Não consigo. Meu ego é apenas um disfarce de tudo que sinto por dentro.

Desde que comecei a escrever, todas as minhas palavras tentaram descrever algo que eu ainda não tenho certeza que existe. Minha imaginação é fértil, e o meu coração também – pelo menos costumava a ser. Pessoas, simples pessoas que talvez hoje nem saibam da minha existência se tranformaram em personagens, com características, atitudes e sentimentos criados por mim. Mas, isso já não faz tanta diferença, meus sentimentos nunca duram para sempre. A história sempre acaba na metade.

Sei que quando o sentimento acaba, a pessoa continua.
Só ainda não aprendi a aceitar isso.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Avante, ou não.


Muitos dirão que é pra frente que se anda, que quem vive de passado é museu, que figurinha repetida não completa álbum e que águas passadas não movem moinho. Eu até concordaria se a vida fosse baseada em informações precisas como um cálculo matemático, ou uma aula de estatística, mas felizmente ela não é, aliás, como muitos gostam de dizer, a vida é uma caixinha de surpresas.

A questão é que geralmente associamos o passado a situações dolorosas, como uma relação que não deu certo, cujo término pesou no coração durante muito tempo, até que o próprio tempo se encarregou de amenizar a dor e com mais tempo ainda eliminou as cicatrizes. Durante esse meio tempo, vez ou outra choramos baixinho antes de dormir, desejando que o tempo e que o mundo dê muitas voltas, e ele dá, não somente para uma das partes, para todos. Você muda e o outro muda. Pode ser que cresçam e que amadureçam, e tenham aprendido com tudo o que viveram desde a última vez que se viram. E ai? Ai que um dia você acende a luz e percebe que aquele monstro que temeu durante anos, era um amontoado de lembranças velhas e cansadas e que se dissiparam na claridade. Não há mais mágoa ou ressentimentos e por isto deixamos de temê-lo, mas só por que deixamos de temê-lo devemos deixar que ele volte para nossas vidas?

É difícil deixar que uma pessoa volte a nossas vidas depois de tanto tempo, mesmo que tenha consciência de que mudou, de que vocês dois estão melhores e mais maduros, sempre há o medo de ser magoada novamente, de ver a coisa toda dar errada outra vezes e se culpar por que você decidiu ver um filme repetido, cujo final você sabia de cor.

Mas como vocês sabem, viver não é preciso. Fernando pessoa uma vez escreveu: “O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto”.

O passado não á algo a ser descartado, ele ainda faz parte das páginas do livro que narram sua vida, como disse Fernando Pessoa, viramos a página, mas a história que contamos ainda é a mesma. Não se agarre ao passado esperando que as coisas ou pessoas que estiveram nele voltem a sua vida, mas se acontecer não interprete como sinal de fraqueza ou como um retrocesso, afinal a cada virar de página encontrará novas linhas a serem escritas, que apesar de “novas” pertencem as páginas que contam a mesma história, a sua. Não há como evitar, é a vida, há que se viver.